ENGENHARIA CIVIL

Visitas técnicas em Florianópolis, SC, para o desenvolvimento do Projeto Final de Curso de aluna da Engenharia Civil

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A aluna Victória Moreira Sant’Ana, formanda do curso de Engenharia Civil do IFSP campus Caraguatatuba, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso em 21/11/2023, perante uma banca avaliadora, tendo seu trabalho aprovado. Para realização do trabalho intitulado Estudo da utilização de conchas de moluscos bivalves na produção de concreto: uma análise sustentável, foram realizadas visitas técnicas com o objetivo de fazer um levantamento, in loco, de todo o processo envolvido na produção de moluscos bivalves e dos modos de descarte de suas conchas.

De 10 a 14 de abril de 2023, a professora Dra. Samara Salamene, do curso de Técnico em Meio Ambiente e coordenadora do curso Técnico em Aquicultura, e a professora Dra. Silvete Mari Soares, coordenadora do curso de Engenharia Civil, junto com a aluna do 9º período de Engenharia Civil, Victória Moreira Sant’ Ana, realizaram uma viagem a Florianópolis, SC, para conhecerem os parques aquícolas da cidade. Concomitantemente, foi realizado o X Aquaciência - Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática.

Professoras Samara e Silvete, e aluna Victória em frente ao laboratório da UFSC

O Projeto Final de Curso da aluna, buscou formas de utilizar esse resíduo a fim de reduzir o impacto causado por esse tipo de descarte no meio ambiente, conferindo uma melhor finalidade a estas conchas. As conchas serão utilizadas em formato de agregado ou em forma de pó com granulometria bem menor que a do agregado, na confecção de concreto ou argamassa.

O estado de Santa Catarina concentra cerca de 98% da produção de moluscos bivalves no Brasil, o que serviu de ponto de partida para a pesquisa in loco. A cidade de Florianópolis conta com 4 parques aquícolas, com capacidade de 12.992,4 toneladas por ano, de produção de moluscos, prática conhecida como “malacocultura”. A primeira visita ocorreu no parque aquícola Florianópolis 4, na Praia de Santo Antônio de Lisboa, onde atuam 10 produtores, membros de uma associação de produtores locais. Eles produzem somente de ostras, variando de 300 mil a 1 milhão de sementes por período de cultivo. Os trabalhadores informaram que parte das ostras retiradas na colheita já saem mortas e, portanto, retornam ao mar como apenas um resíduo. Já as que são consumidas, têm suas cascas tratadas como lixo comum, coletado pela COMCAP (Companhia de Melhoramentos da Capital), companhia responsável pela coleta de lixo do município. 

Produtores locais e materiais de cultivo

Ainda no parque aquícola 4, na Praia de Sambaqui, foram visitados outros produtores com números menores de cultivo por terem criações individuais ou familiares. Os criadores da região relataram ter a mesma prática de descarte dos anteriores. Tal situação também foi evidenciada na visita à Praia da Tapera, pertencente ao parque aquícola Florianópolis 5, com produções coletivas e, portanto, em maiores quantidades, assim como na Praia de Santo Antônio de Lisboa. Os criadores informaram adquirir acima de 1 milhão de sementes por período de cultivo e descarte semelhante aos demais.

Ostras recém retiradas do mar em processo de separação

Observou-se que o destino final dos resíduos é, em sua maior parte, de responsabilidade da Comcap. Foi então realizada uma visita à sede da companhia, para assim conhecer e compreender o processo de destinação final dos resíduos. Os responsáveis pela Comcap mostraram preocupação com o descarte dos resíduos da malacocultura e suas consequências no âmbito social e ambiental, tendo realizado estudos a respeito, buscando a viabilização da coleta seletiva das conchas. Infelizmente, por fatores limitantes, não foi possível a implementação desse projeto, conferindo então às conchas provenientes de toda a produção dos parques aquícolas de Florianópolis, tratamento como lixo comum e indo parar em aterros sanitários.

Restos de conchas e matéria orgânica

Conchas encontradas à beira do mar

Como mencionado, na semana da visita ocorreu na cidade o X Aquaciência, no qual a professora Dra. Samara teve participação especial com a apresentação de um trabalho. Durante o evento, foram organizadas diversas visitas técnicas a laboratórios e fazendas de produção da região. Para encerrar o itinerário de visitas, portanto, as três participaram da visita aos laboratórios da EMEB - UFSC (Estação de Maricultura Prof. Elpídio Beltrame da Universidade Federal de Santa Catarina). Por lá, os visitantes foram apresentados aos laboratórios de pesquisa e produção de camarões, microalgas, macroalgas, peixes e moluscos, onde puderam observar toda a estrutura do processo de produção, preparação dos ambientes adequados para cada espécie, plantação para alimentação dos animais, confecção das próprias rações e cuidados diários de toda a população marinha durante o período de pesquisa. No caso dos moluscos, as sementes produzidas nos laboratórios da UFSC são a fonte de criação de todos os parques aquícolas de Florianópolis, entre outros do estado.

Laboratórios de moluscos marinhos da UFSC

A realização da viagem e das visitas viabilizou um estudo mais completo e aprofundado a respeito da temática analisada para o PFC da aluna Victória, orientanda da professora Dra. Silvete, uma vez que reuniu informações atuais e dados quantitativos suficientes para a elaboração de parte da pesquisa. Todos os profissionais envolvidos que colaboraram com as visitas, foram de grande ajuda e excelente receptividade, contribuindo para a realização de um trabalho importante para o desenvolvimento da ciência e tecnologia.

Texto e fotos: Victória Moreira Sant’ Ana