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Cinedebate

Cinedebates discutiram dois filmes sobre escravidão e racismo

Publicado: Segunda, 27 de Novembro de 2017, 10h35 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h16

No dia 21 de novembro de 2017, terça-feira, de tarde e de noite, ocorreram duas sessões de cinedebates no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do filme “12 anos de escravidão” e do documentário “Menino 23”. Esta sessão dupla de cinedebates foi intitulada “Duas vezes consciência negra”. A organização deste evento contou com o apoio dos bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen, Diego Corrêa Peres de Souza, Julia Cristina Barbosa Lucoveis e Ruy Guilherme Farias Santos Bastos), bem como de bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos e Izabela Duarte), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira. A professora Regina Aparecida Berardi Osório, docente da área de Educação do IFSP-Caraguatatuba, também participou desta atividade e contribuiu com as discussões que foram realizadas.

Professor Ricardo com alguns bolsistas que organizaram estes dois cinedebates

O filme “12 anos de escravidão” (o título em inglês é: “12 years a slave”), exibido a partir das 16h15, foi lançado em 2013 e foi dirigido por Steve McQueen, tendo recebidos vários prêmios, inclusive o Oscar de melhor filme do ano. Na avaliação feita pelo site IMDB e pelos seus usuários, este filme tem uma alta nota média (8,1) e está na posição 202 dentre os melhores filmes da história, como pode ser conferido em: <http://www.imdb.com/title/tt2024544/?ref_=nv_sr_4>. O seu trailer pode ser visto no link: <https://www.youtube.com/watch?v=xSL_sCHDsHc>.

Este longa é um drama histórico baseado em fatos reais sobre a vida do violinista Solomon Northup (protagonizado pelo ator inglês Chiwetel Ejiofor) que era um homem livre, negro, que vivia na cidade de Saratoga (no estado de New York, no nordeste dos EUA), quando foi sequestrado e vendido como escravo para fazendeiros do sul dos Estados Unidos, onde a escravidão só acabou após a Guerra da Secessão, nos anos 1860. O roteiro foi inspirado no seu livro de memórias que foi escrito e publicado em 1853, e que consegue passar um verdadeiro sentimento de empatia e compaixão pelo destino trágico do seu principal protagonista. Este filme passou a fazer parte do currículo das escolas públicas dos EUA a partir de setembro de 2014: a “National School Boards Association” (NSBA), organização sem fins lucrativos que cuida de mais de 13.800 escolas norte-americanas, fez uma parceria com o diretor Steve McQueen (e outras instituições) com o objetivo de levar o filme e o livro de Solomon Northup para mais de 50 milhões de alunos dos Estados Unidos.

O filme evidencia a crueldade, a dor, a violência e o sofrimento diários vivenciados pelos escravos durante os séculos de escravidão, e discute também como a religiosidade e a Bíblia foram utilizadas como justificativas para a escravidão, como ferramentas de opressão e como mecanismos de controle. Esta obra contou também com a participação de atores consagrados como Brad Pitt, Benedict Cumberbatch e Michael Fassbender, bem como da atriz Lupita Nyong'o, que recebeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela sua interpretação. Uma boa resenha desta película pode ser lida em: <http://cinemaemcena.cartacapital.com.br/Critica/Filme/5912/12-anos-de-escravidao>.

Cena do filme “12 anos de escravidão”

Por sua vez, o documentário “Menino 23 – Infâncias perdidas no Brasil”, exibido a partir das 19h, foi lançado em 2016 e dirigido por Belisario Franca. Ele retrata a pesquisa que o historiador Sydney Aguilar Filho realizou em sua tese de doutorado: em 1998, quando ele dava aula sobre o nazismo, foi surpreendido por uma menina afirmando que na fazenda de sua família havia uma suástica nos tijolos da casa e acabou descobrindo que fazendeiros da família Rocha Miranda, que eram simpatizantes do nazismo e participantes da cúpula da Ação Integralista Brasileira, retiraram 50 meninos negros de um orfanato do Rio de Janeiro para serem escravizados no interior de São Paulo, na década de 1930.

O site do documentário “Menino 23” – que participou da disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem de 2017 – pode ser acessado pelo link: <http://www.menino23.com.br/menino-23/>. O título do filme é uma homenagem a Aloisio Silva, que era chamado apenas pelo número 23 durante sua infância e que foi encontrado durante a pesquisa feita por Sydney Aguilar Filho. O trailer desta obra cinematográfica pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=fo0ltaT6UC4>.

Cartaz de divulgação do documentário “Menino 23”

Durante o filme é informado ao espectador os resultados de uma pesquisa segundo a qual 92% dos brasileiros afirmam que existe racismo no Brasil, mas só 1,3% se declara racista. No debate que se seguiu, muitos alunos dos cursos de Licenciatura em Física e de Licenciatura em Matemática presentes, discutiram a respeito da pesquisa realizada pelo historiador Sydney Aguilar Filho que serviu de fundamentação para a estruturação deste documentário.

Parte do público presente no debate sobre o documentário “Menino 23”

A professora Regina, em sua intervenção no debate, lembrou aos presentes que a escravidão deixou sequelas e uma herança negativa sobre a população negra brasileira, e que a educação deve ter o papel de ajudar a esclarecer isto, inclusive ao refletir sobre políticas públicas de ações afirmativas (cotas) que podem ajudar a compensar desigualdades raciais e sociais de origens históricas.

Professores Ricardo e Regina

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de extensão e de iniciação científica, orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

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