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Cinedebate

Cinedebate discutiu documentário sobre parque de gorilas ameaçados pela guerra

Publicado: Quinta, 19 de Outubro de 2017, 11h30 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h17

No dia 09 de outubro de 2017, segunda-feira, entre 19h00 e 21h30, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição e discussão do documentário “Virunga”. Esta atividade fez parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Julia Cristina Barbosa Lucoveis, Juliana Caroline da Silva Sousa, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen, Diego Corrêa Peres de Souza e Ruy Guilherme Farias Santos Bastos), bem como de seus bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos e Izabela Duarte). A atividade contou também com a participação das professoras Maria do Carmo Cataldi Muterle e Priscila Cristini dos Santos que organizam o projeto de extensão Touba, de integração cultural com imigrantes africanos que vivem no litoral norte paulista. Estiveram presentes também os professores de artes Mauro Ribeiro Chaves (docente do IFSP-Caraguatatuba) e Emanuel Antonio de Rezende Araujo, bem como diversos imigrantes senegaleses que moram na região.

Mauro, Emanuel, Ricardo, Priscila, Maria do Carmo, Bamba e Lampa

O documentário “Virunga” foi produzido em 2014 e dirigido por Orlando von Einsiedel; atualmente ele faz parte do catálogo do Netflix. Basicamente ele descreve o trabalho dos guardas florestais que protegem de modo corajoso o Parque Virunga situado no leste da República Democrática do Congo, onde estão os últimos gorilas-da-montanha vivos, em um contexto terrível de guerra civil. O filme foi indicado para o Oscar de Melhor Documentário e recebeu vários prêmios internacionais. Um trailer legendado deste documentário pode ser visto em: <https://www.youtube.com/watch?v=UKBjIV1oN80>. O filme, que é realmente comovente, tem como um de seus produtores executivos o ator Leonardo DiCaprio. Uma boa análise deste filme em português pode ser lida em: <http://www.planocritico.com/critica-virunga/>. O amor e a dedicação de um dos guardas (André Bauma) que cuidam dos gorilas são tocantes: em especial, as cenas de André cuidando dos gorilas órfãos são fantásticas. Segundo ele, brincar com estes gorilas órfãos é uma tarefa importante, pois eles não têm pais: eles não devem ser abandonados e têm que se sentir acolhidos!

Cena do documentário “Virunga” com o corajoso guarda florestal André Bauma

O parque Virunga é hoje um Patrimônio da Humanidade de acordo com a UNESCO. Ele foi estabelecido em 1925 e é o mais antigo Parque Nacional em toda a África. Apenas 800 gorilas-da-montanha ainda restam na região: infelizmente, trata-se de uma espécie que está à beira da extinção. Se a humanidade não agir rapidamente, em breve será tarde demais. Depois do chimpanzé, o gorila é a espécie viva mais próxima dos seres humanos em termos evolutivos. Segundo o professor José Eustáquio Diniz Alves: “Evitar a extinção dos Gorilas é um dever moral da humanidade, pois o egoísmo especista resulta, não somente em um crime de ecocídio, mas na degeneração que vai de encontro a toda a riqueza da evolução da biodiversidade. Uma espécie que elimina as espécies irmãs não merece compartilhar a mesma família e a mesma casa. A população majoritária da Terra precisa respeitar as populações minoritárias. Salvar os Gorilas é salvar o princípio do altruísmo e representa uma possibilidade real de convivência pacífica e respeitosa entre as espécies” (em artigo que pode ser lido em: <https://www.ecodebate.com.br/2013/04/10/especismo-e-ecocidio-gorilas-ameacados-de-extincao-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>).

O debate após a exibição procurou refletir sobre como esta bela obra cinematográfica consegue mostrar o melhor e o pior do ser humano. Também foi salientado que tão importante quanto preservar os gorilas e a diversidade biológica, é criar mecanismos de geração de renda para os seres humanos que vivem na região: o turismo, como foi lembrado, é uma excelente alternativa para este objetivo, mas ele requer que exista paz e estabilidade para prosperar em termos econômicos.

O documentário se inicia descrevendo brevemente a história da colonização do Congo pelos europeus belgas e, inclusive, relatando a respeito do assassinato em 1961 de Patrice Lumumba, líder da independência do Congo, por mercenários a serviço de potências estrangeiras: quase meio século depois, a Bélgica e os Estados Unidos reconheceram que tiveram responsabilidade pela destituição e pela morte de Lumumba. Foi lembrado que o primeiro genocídio do século XX foi cometido pelo rei Leopoldo II da Bélgica, quando milhões de congoleses foram mortos ou ficaram mutilados por tropas belgas de modo a atender propósitos financeiros coloniais; mais informações a este respeito podem ser obtidas em: <https://www.geledes.org.br/quando-voce-mata-dez-milhoes-de-africanos-voce-nao-e-chamado-de-hitler/>.

Foi salientado que a linha condutora do documentário deixa evidente como o grande capital de megacorporações ocidentais, sobretudo pela sede de lucro rápido associado à exploração de matérias-primas existentes na região, é o motor que basicamente cria as condições para o surgimento da guerra civil e de genocídios, bem como para a destruição de ecossistemas em regiões de países mais pobres, em especial na África. Na verdade é a velha e nada boa ganância humana a principal causa da extinção dos gorilas. Apesar de esta ser uma questão ambiental importantíssima, muito pouco tem sido noticiado a respeito desta tragédia pelos grandes veículos de informação ocidentais, como de resto ocorre a respeito da maioria das informações a respeito da vida política, econômica e social dos diversos países africanos. A ação dos países ocidentais, de grandes corporações e de mercenários desestabiliza países com a finalidade óbvia de produzir o caos que acaba por beneficiar não a cultura humana, a fauna e a flora locais, mas sim os interesses financeiros estrangeiros. O documentário deixa claro que uma chacina de gorilas feita em 2007, por exemplo, financiada pelo suborno, ocorreu sob a lógica de que sem os gorilas o parque não teria motivos para existir, deste modo, facilitando a exploração de petróleo na região pela grande corporação britânica interessada nisto. No documentário, as palavras de um mercenário, que é filmado por uma câmara escondida, são reveladoras a respeito do desprezo pelas vidas dos gorilas: “Quem se importa com um macaco? São apenas macacos!” O site oficial do Parque Virunga é: <https://virunga.org/>. Já o site oficial do filme Virunga é: <http://virungamovie.com/>.

Professor Ricardo com bolsistas que prepararam o cinedebate sobre o documentário Virunga

Professor Ricardo com bolsistas que prepararam o cinedebate sobre o documentário Virunga

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

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