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Cinedebate

Cinedebate discutiu documentário sobre a luta dos palestinos por uma nação

Publicado: Quinta, 05 de Outubro de 2017, 08h51 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h13

No dia 28 de setembro de 2017, quinta-feira, a partir das 18h00, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do documentário “Cinco Câmeras quebradas”. Esta atividade fez parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Rafael Honório Morais de Oliveira, Rafael do Nascimento Sorensen, Diego e Corrêa Peres de Souza e Juliana Caroline da Silva Sousa), bem como de seus bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Rafael Brock Domingos e Izabela Duarte). Este cinedebate contou também com o apoio do estudante Ruy Guilherme Farias Santos Bastos.

Professor Ricardo Plaza com estudantes que organizaram o cinedebate sobre o filme Cinco câmeras quebradas

Professor Ricardo Plaza com estudantes que organizaram o cinedebate sobre o filme “Cinco câmeras quebradas”

O documentário “Cinco Câmeras Quebradas” (o título original em inglês é “5 Broken cameras”) foi co-dirigido pelo palestino Emad Burnat e pelo israelense Guy Davidi e lançado em 2011. Ele concorreu ao Oscar de melhor documentário e venceu o prêmio Emmy. Uma pequena entrevista em português com o diretor Emad Burnat sobre esta sua obra pode ser assistida em: <https://www.youtube.com/watch?v=QW3lHF4ecfw>.

O título do filme remete ao fato de o diretor Emad Burnat ter tido cinco de suas filmadoras destruídas durante os seis anos em que trabalhou no documentário que descreve a luta dos palestinos pelo direito a constituírem uma nação. A primeira foi quebrada em 2005, pelo tiro de um soldado israelense; a segunda foi destruída em 2007, por um colono israelense de um assentamento que o atacou; a terceira foi destruída por outro tiro, em 2008; a quarta foi destruída num acidente, em 2009, em que o carro de Emad bateu no muro construído por Israel; e a quinta câmera foi quebrada em 2010, quando um soldado israelense atirou em direção a Burnat: como o aparelho estava ligado, registrou toda a cena! Burnat resolveu comprar a primeira câmera para filmar um de seus filhos que tinha nascido. Mas acabou fazendo com ela um excelente filme sobre a luta de resistência não violenta da população palestina de sua cidade contra a ocupação realizada por soldados e colonos israelenses.

Cena do documentário Cinco Câmeras Quebradas

Após a exibição do documentário, o debate se concentrou na luta diária realizada pelos palestinos contra a invasão de seus territórios por israelenses. Há décadas os palestinos tentam estruturar um estado soberano nos denominados territórios palestinos (constituídos pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza), mas a criação desta nação vem sendo sistematicamente barrada na Organização das Nações Unidas (ONU) pelos Estados Unidos, um poderoso aliado de Israel. O Brasil historicamente tem se posicionado a favor da criação do Estado Palestino.

O debate lembrou também o fato de que o sonho do oprimido não pode ser se transformar em opressor. Deste modo, foi destacado que os judeus foram por séculos vítimas de preconceitos e do antissemitismo que atingiu o seu ápice com o regime nazista que assassinou brutalmente cerca de 6 milhões de judeus em câmaras de gás de campos de extermínio no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. No debate foi explicado que o estado de Israel foi criado a partir da reinvindicação de movimentos sociais judaicos, após o final da Segunda Guerra, justamente tendo em vista este massacre, mas a realidade nas décadas seguintes evidenciou que os palestinos – que viviam há muitos séculos na região onde foi estabelecido o estado israelense em 1948 – acabaram por serem expulsos de suas terras e se tornaram o lado mais fraco vitimado por uma situação de verdadeira opressão, já que há mais de meio século eles não têm seus direitos mais básicos respeitados e não conseguem estabelecer uma nação igualmente soberana, como é Israel. As cenas do documentário nas quais crianças palestinas lutam com pedras contra a invasão de sua cidade por poderosos veículos blindados israelenses são reveladoras a este respeito.

O fato de um judeu (Guy Davidi) ter dirigido este documentário junto com o palestino Emad Burnat (cuja esposa é brasileira), revela também que uma parcela da própria população israelense se solidariza com os palestinos e se manifesta contra a situação de opressão que eles vivem. Pelos mapas projetados no debate foi possível verificar que os territórios palestinos têm se tornado cada vez menores e mais fragmentados ao longo das últimas décadas, devido a medidas violentas de repressão contra palestinos que se manifestam contra a invasão de suas terras por soldados e colonos israelenses. A cena do documentário em que um soldado israelense atira, à queima-roupa, na perna de um palestino caído no chão, revela um pouco a respeito da situação terrível em que vivem os palestinos sob a ocupação israelense. O debate contou com a participação de muitos dos presentes que puderam se manifestar a vontade e com liberdade. Algo que foi enfatizado na discussão é como as pessoas no Brasil têm pouco acesso a informações sobre o conflito Israel-Palestina e acerca da situação trágica vivenciada diariamente pelos palestinos. O documentário ocorre pelo ponto de vista palestino que é o lado mais fraco neste conflito e que usualmente não é abordado pela grande mídia internacional, em geral mais alinhada com o lado israelense que tem tido o apoio sistemático dos Estados Unidos. Mais informações interessantes sobre este filme podem ser obtidas no texto do link: <http://www.planocritico.com/critica-cinco-cameras-quebradas/>.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

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