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Cinedebate

Cinedebate abordou filme sobre a história da vida de uma mulher autista

Publicado: Quinta, 19 de Outubro de 2017, 21h40 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 15h17

No dia 07 de outubro de 2017, sábado, pela manhã entre 09h00 e 12h00, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do filme “Temple Grandin”. Esta atividade fez parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Rafael Honório Morais de Oliveira, Juliana Caroline da Silva Sousa, Julia Cristina Barbosa Lucoveis e Ruy Guilherme Farias Santos Bastos), bem como de uma bolsista de iniciação científica (Izabela Duarte) também orientada por ele. Este cinedebate contou também com a participação de Mauro Ribeiro Chaves e Regina Aparecida Berardi Osório, docentes do IFSP-Caraguatatuba, e de Emanuel Antonio de Rezende Araujo, que é professor de Artes no litoral norte paulista. Finalmente estiveram também presentes o estudante de Licenciatura em Matemática, Akaue Alexander Soares de Souza, e sua mãe, Rita de Cassia do Prado Soares de Souza, que colaboraram imensamente para o debate no que diz respeito a esclarecimentos sobre o autismo e suas características.

Akaue, Ricardo e Rita

O filme “Temple Grandin” foi dirigido por Mick Jackson e produzido em 2010 pela HBO. Ele narra a história verdadeira de Temple Grandin (interpretada de modo excepcional pela atriz Claire Danes), uma mulher norte-americana que nasceu com autismo e se tornou uma das maiores pesquisadoras e cientistas da área de manejo de gado, revolucionando e humanizando as práticas para o tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros. Ela desde jovem se mostrou uma fantástica “pensadora visual”, pois raciocinava basicamente por meio de imagens. Ao longo do filme, a personagem principal deixa claro que por ser autista ela era diferente, mas não inferior: um livro lançado por ela tem justamente o título “Different... not Less” (“Diferente... não Menos”). Segundo Temple Grandin, sua mãe a criou para ser autossuficiente, algo que foi importante em sua vida. Aliás, sua mãe, mesmo com a recomendação médica inicial (quando ela era ainda bem pequena) de interná-la em uma instituição psiquiátrica, insistiu desde cedo em proporcionar a ela uma educação formal.

Professores Mauro, Regina, Ricardo e Emanuel

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece na infância aos 3 anos de idade, comprometendo a comunicação e dificultando os relacionamentos sociais. No caso específico de Temple Grandin, ela desenvolvera a síndrome de Asperger, uma condição psicológica que está dentro do denominado espectro autista, diferindo de alguns outros tipos pelo desenvolvimento da linguagem e cognição. O filme mostra que as zombarias feitas pelas outras crianças foi um problema na infância de Temple Grandin e esta ainda é infelizmente uma triste realidade na vida de muitas crianças autistas; portanto é sempre importante lutar contra o preconceito e este filme de fato é uma boa ferramenta para este objetivo. Ele revela, por exemplo, que a protagonista, de modo criativo, desenvolveu uma “máquina do abraço” para ajudar pessoas como ela a lidarem com dificuldades de relacionamentos interpessoais. O trailer do filme pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=cpkN0JdXRpM>. Por sua vez uma animação curta sobre Temple Grandin pode ser assistida em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ifsh6sojAvg>.

Professor Ricardo Plaza com alguns de seus bolsistas após a exibição de Temple Grandin

A palestra legendada dada por Temple Grandin para o site de palestras TED.com, intitulada “O mundo necessita de todos os tipos de mentes” pode ser assistida em duas partes nos links: <https://www.youtube.com/watch?v=6J-_AOEOT0c> e <https://www.youtube.com/watch?v=jWS7tjflPNo>. Segundo ela autismo é um espectro contínuo que vai dos casos mais severos de crianças que se mantêm não-verbais até os casos de brilhantes cientistas que se destacam em suas profissões. Uma parcela considerável das pessoas autistas é muito sensível a sons e cores.

Temple Grandin sempre destaca o papel desempenhado pelo seu professor de ciências na educação básica que a desafiou a compreender uma sala com ilusão de ótica e a estimulou para a busca pelo conhecimento científico, mostrando aspectos interessantes acerca do mundo em que vivemos. Este professor de ciências incentivou-a nos estudos, afirmando que a sua forma de pensar deveria ser vista como uma porta que se abria para um mundo totalmente novo, pois ela via as coisas de um jeito que as outras pessoas não podiam ver. Uma boa entrevista dada por Temple Grandin para a Revista Autismo (em português) pode ser lida em: <http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-3/temple-grandin-fala-em-entrevista-exclusiva-para-a-revista-autismo>. Por sua vez Carlo Schmidt escreveu um excelente artigo de caráter acadêmico para a Revista Brasileira de Educação Especial e intitulado “Temple Grandin e o autismo: uma análise do filme” que pode ser baixado em pdf e lido em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v18n2/v18n2a02.pdf>.

Cena do filme Temple Grandin

O debate após o filme lembrou a famosa frase de Caetano Veloso segundo a qual: “De perto ninguém é normal”. O próprio conceito de normalidade foi discutido e foi mencionado que na faculdade, a colega de quarto de Temple Grandin que se tornou sua grande amiga e a aceitou da forma como ela era, foi justamente uma estudante universitária que era cega. Sobre o manejo menos cruel de gado em fazendas introduzido por ela, foram lembradas algumas frase bastante significativas, tais como “Criamos eles (bois e vacas) para nós, portanto devemos respeito a eles”, “A natureza é cruel, mas nós não precisámos ser” e “A vida é preciosa”. O site da verdadeira Temple Grandin, com muitas informações sobre o seu trabalho pode ser acessado em: <http://www.templegrandin.com/>.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP; não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Docentes e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

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