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Cinedebate

Cinedebate abordou documentário “Maracanã”

Publicado: Segunda, 04 de Junho de 2018, 16h35 | Última atualização em Quinta, 15 de Setembro de 2022, 16h15

No dia 25 de maio de 2018, sexta-feira, a partir das 14h20 da tarde, no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), ocorreu a exibição – seguida pelo posterior debate – do documentário “Maracanã”. A organização deste cinedebate contou com o apoio de bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rafael Honório Morais de Oliveira, Diego Bortoleto Licca, Larissa Comodaro Nunes Sant’Ana, Caio Cesar Nogueira, Nicolas Gama Coelho Rodrigues e Ryan Nepomuceno Montemor), bem como dos atuais bolsistas de iniciação científica João Pereira Neto (com bolsa PIBIC do CNPq), Rafael Brock Domingos (com bolsa FAPESP), Rafael do Nascimento Sorensen (com bolsa FAPESP) e Diego Corrêa Peres de Souza (com bolsa PIBIFSP), todos eles orientados pelo professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, docente do IFSP-Caraguatatuba. Este cinedebate contou com a participação também dos professores Alexandre Machado Rosa e Mauro Ribeiro Chaves, docentes de educação física e de artes, respectivamente, do IFSP-Caraguatatuba.

Professor Ricardo Plaza com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre MaracanãProfessor Ricardo Plaza com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre Maracanã

Professor Ricardo Plaza com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre “Maracanã”

A ideia original de exibir e debater este documentário surgiu a partir de uma conversa entre o professor Ricardo Plaza e o professor Alexandre, a respeito de um filme que abordasse questões associadas à história do futebol brasileiro; ambos decidiram então pela exibição de “Maracanã”.

Professor Alexandre discute o documentário MaracanãProfessor Alexandre discute o documentário Maracanã

Professor Alexandre discute o documentário “Maracanã”

O documentário uruguaio “Maracanã” (o título original em espanhol é: “Maracanã”) foi dirigido por Sebastián Bednarik e Andrés Varela e lançado em 2014. Mais informações sobre este filme podem ser obtidas em inglês no site IMDB e em português aqui. O seu trailer pode ser visto aqui.

Cartaz de divulgação do documentário MaracanãCartaz de divulgação do documentário Maracanã

Cartaz de divulgação do documentário “Maracanã”

O documentário Maracanã aborda a final da Copa do Mundo de 1950 que ocorreu no estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, quando o Brasil perdeu por 2 a 1 para o Uruguai: foi o chamado “Maracanaço”, considerado uma grande tragédia para o nosso futebol – que, em perspectiva, pode ser contraposto à derrota de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, que por usa vez, pode ser considerado o grande vexame para o nosso futebol.

Professores Ricardo Plaza Mauro e AlexandreProfessores Ricardo Plaza Mauro e Alexandre

Professores Ricardo Plaza, Mauro e Alexandre

Um dos pontos destacados durante o debate foi acerca do vício da soberba, ou seja, da arrogância e pretensão de se achar superior aos outros e de menosprezar adversários; como lembrou o professor Alexandre: “A soberba é o princípio da queda”. A festa estava programada para os brasileiros que antes do início do jogo já se achavam os campeões do mundo, em certo sentido, “contando com os ovos antes da galinha botar”, como se diz popularmente.

Foi lembrado durante a discussão que o futebol (bem como vários outros esportes em geral) é uma forma de sublimar a guerra, ou seja, é uma forma de confrontar as nações sem armas. Os esportes, em certo sentido, teatralizam as vidas dos cidadãos e trazem no seu bojo a ideia de igualdade, pois no início de uma competição esportiva, os dois lados partem das mesmas condições: as regras são as mesmas para todos e o espírito esportivo espera um jogo justo (o “fair play”) no âmbito de uma ética desportiva – é importante saber ganhar e saber perder. O escritor uruguaio Eduardo Galeano é um dos entrevistados deste documentário. Galeano escreveu um livro importante sobre a história do futebol intitulado “Futebol ao Sol e à Sombra” que pode ser baixado gratuitamente no site “LeLivros” (lelivros.love). Uma boa análise deste livro pode ser assistida no vídeo intitulado “Futebol ao Sol e à Sombra - Eduardo Galeano (clássico dos apaixonados por futebol)” produzido pelo canal do youtube “Cultebook” e que está disponível aqui.

Na questão “Estado versus Mercado”, durante o debate foi lembrado que o apoio que o Estado deve conferir aos esportes (assim como às artes e às ciências) é fundamental, pois os bons resultados geralmente só surgem no longo prazo e o Mercado vive das perspectivas de lucro no curto prazo. A respeito da importância do Estado promover e financiar jovens desportistas provenientes das classes populares foi apresentado o vídeo “Hipismo” produzido pelo “Porta dos Fundos” que discute com humor e ironia esta questão, e que pode ser assistido aqui.

O professor Alexandre recordou aos presentes que o futebol teve o papel de ser um amálgama que confere coesão à sociedade brasileira, pois ajudou a construir a nossa identidade nacional. O futebol que nasceu na Inglaterra, justamente onde se iniciou a revolução industrial, se espraiou para o resto da Europa e para os outros continentes, inclusive para o Brasil. No final do século XIX, no Brasil, o futebol era uma prática somente permitida para a elite branca (os negros não eram aceitos pelos clubes para a prática do esporte), mas ele acabou sendo arrancado das elites pelo povo, se tornando o esporte mais popular de nosso país. Um bom artigo de análise sobre este tema é “ As origens elitistas e racistas do futebol, por Mário Rodrigues (o irmão de Nelson)” de Cynara Menezes que pode ser lido aqui e o artigo “A inserção do negro no futebol brasileiro” disponível para ser lido aqui.

Para contribuir para a análise, foi lembrado também que o futebol permite certas transgressões no modelo de masculinidade hegemônico, criando momentos em que homens (tanto jogadores, quanto torcedores, mesmo desconhecidos, no momento de comemoração de um gol ou de uma vitória) podem se abraçar e mesmo se beijar publicamente. O debate até relembrou o famoso beijo entre os jogadores argentinos Maradona e Caniggia em uma a goleada de 4 a 1 do Boca Juniors sobre o River Plate (leia mais sobre isto no texto, clicando aqui) e o beijo entre os jogadores Ivan Rakitić and Daniel Carriço (do “Sevilla Fútbol Club”) na final da liga europeia da UEFA de 2014 (leia mais sobre isto no texto, clicando aqui). A este respeito, o vídeo “Os 5 melhores beijos do futebol” (em espanhol) pode ser assistido aqui.

Finalmente foi destacada a bela trilha sonora do documentário, em particular a música “As quatro estações – Inverno” de Vivaldi, disponível para ser apreciada aqui, e a música “Choro No 1” do brasileiro Heitor Villa-Lobos que pode ser admirada aqui.

As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas e ex-bolsistas de iniciação científica e de extensão no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” do IFSP-Caraguatatuba que é coordenado pelo professor Ricardo Plaza e conta na sua equipe também com os professores Mauro Chaves e Alexandre Rosa. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Não é necessário fazer inscrição prévia: basta estar presente no auditório no início da exibição do filme. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza para juntos organizarem os detalhes.

Fonte: Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira

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