Atribuição de sinais pessoais em LIBRAS e experiências culturais da comunidade surda no curso FIC do IFSP Caraguatatuba
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é parte essencial da identidade e da cultura da Comunidade Surda. Entre as práticas socioculturais que compõem esse universo, destaca-se a atribuição de sinais pessoais, conhecida como batismo em Libras. Trata-se de um processo pelo qual uma pessoa surda atribui a outra um sinal visual que a identificará na comunicação em Libras.
Antes da apresentação do sinal, é comum que o indivíduo datilografe seu nome, isto é, soletre-o utilizando o alfabeto manual e, em seguida, demonstre o sinal pessoal que lhe foi conferido. Ressalta-se que este sinal deve ser criado exclusivamente por uma pessoa surda, fundamentando-se em observações relacionadas a características físicas, comportamentos marcantes ou apelidos. No entanto, evita-se utilizar traços temporários, como cor de cabelo, uso de aparelho ortodôntico ou demais aspectos sazonais, a fim de garantir a perenidade do sinal atribuído. A prática de atribuição de sinais por pessoas ouvintes é considerada eticamente inadequada, pois contraria os princípios da Cultura Surda.
O uso dos sinais pessoais favorece a comunicação visual, fortalece os vínculos identitários e facilita o reconhecimento individual dentro da comunidade.
Com o propósito de proporcionar uma vivência cultural significativa, a professora Izabela Alves, docente de Libras no Instituto Federal de São Paulo – Campus Caraguatatuba, promoveu uma atividade no âmbito do Curso de Extensão em Formação Inicial Continuada (FIC) em Libras Básica 1. Para tal, convidou os surdos Flora Prado e Lucas Soares, ambos atuantes na região, com o objetivo de compartilhar suas trajetórias e experiências na Comunidade Surda.
Durante a atividade, os convidados relataram suas vivências e explicaram suas atuações no campo da acessibilidade e inclusão. Foram também responsáveis pelas sinalizações pessoais das alunas, contribuindo para o ensino-aprendizagem e para a compreensão da importância da Cultura Surda. Como parte da dinâmica didática, foi realizada uma atividade adaptada inspirada no jogo "telefone sem fio", considerando as especificidades linguísticas e visuais da Libras. O encontro contou ainda com o apoio dos convidados no trabalho de tradução de músicas para Libras, tema previsto no conteúdo do curso.
O evento proporcionou momentos significativos de aprendizado, troca de saberes e valorização da diversidade cultural, reafirmando o compromisso com uma formação crítica, inclusiva e comprometida com o respeito à Cultura Surda. Os visitantes surdos receberam como mimo das direções, geral e pedagógica do campus, uma squeeze personalizada, como forma de agradecimento e reconhecimento. Além disso, foi entregue o certificado de ministração e ensino, concedido pelo setor de Extensão Acadêmica do IFSP Caraguatatuba, em reconhecimento à valiosa contribuição dos convidados para o sucesso da atividade.
Os registros fotográficos dessa atividade serão inseridos a seguir, a fim de documentar e ilustrar os momentos marcantes vivenciados durante o encontro:
Imagem 1: Flora Prado (Surda Profunda Oralizada - Pós-Graduada em Libras)
Imagem 2: Flora e a aluna [ouvinte] Saliene do Curso FIC.
Imagem 3: Flora fazendo seu relato de experiências e trajetória de vida pessoal e profissional.
Imagem 4: Flora interagindo e respondendo perguntas feitas pelas alunas
Imagem 5: Participação da Convidada Surda - Alunas, Prof.ª Izabela e Flora posam fazendo seus “Sinais Pessoais” que receberam na aula.
Imagem 6: Lucas Soares (surdo profundo e graduando em Pedagogia) interage com a aluna Angela (Letras-Libras), que se apresenta usando seu sinal pessoal, inspirado na palavra “anjo”.
Imagem 7: Lucas Soares solicita que Ana Paula (Conselho Tutelar) se apresente em datilologia e com seu sinal pessoal, que combina as letras “AP” com o gesto de “faixa de miss”, em referência ao seu nome e à sua experiência como miss.
Imagem 8: Nesse registro a aluna Walquíria [Professora de Inglês] já está se apresentando ao Lucas, da mesma maneira com seu NOME e SINAL PESSOAL.
Imagem 9: Lucas Soares compartilha sua trajetória de vida até se tornar graduando em Pedagogia, atuando e estagiando na escola bilíngue de Caraguatatuba.
Imagem 10: Foto 10: Dinâmica com as alunas e o Lucas ajudou nessa atividade escolhendo e sinalizando as frases do “Telefone sem fio”.
Imagem 11: A Dinâmica sinalizando frases em Libras inspirada no “Telefone sem fio” com certeza foi muito divertida e cheia de aprendizado.
Imagem 12: Lucas Soares explica como a frase sinalizada “Eu trabalho na escola” acabou sendo entendida como “Eu trabalho e estudo”, devido à ausência de um sinal específico que indica “escola”.
Imagem 13: Finalização da Dinâmica com muita risada, expressões de surpresa pelos entendimento alcançados!
Imagem 14: Registro de como as alunas e o Lucas se organizam na fila da Dinâmica.
Imagem 15: Foto final com as alunas, a professora Izabela e Lucas fazendo o sinal “ILY” (“I love you” em ASL), gesto afetivo amplamente usado na cultura surda, embora não pertença à Libras.
Imagem 16: Lucas recebeu a Squeeze [garrafa] que é dada apenas para palestrantes visitantes, ela é personalizada com o logotipo do Instituto Federal de São Paulo, campus de Caraguatatuba e o Lucas gostou muito e ficou agradecido.
Fonte: Prof.ª Izabela Cristina Alves
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