Professor de História ministra palestra sobre cultura popular caipira
No dia 20 de outubro de 2016, quinta-feira, entre as 9 e as 10 horas da manhã, o Prof. Dr. Moacir José dos Santos ministrou palestra intitulada “Cultura popular caipira: alternativas para a economia criativa” no auditório do câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), como parte das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de 2016. Ele veio a convite do professor Cesar Augusto Ilódio Alves, docente da área de gestão do IFSP-Caraguatatuba que organizou este evento. O professor Moacir é docente é doutor em História pela UNESP (Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho), com pós-doutorado pela Universidade do Minho, em Portugal, e atualmente leciona no Centro Universitário Módulo e na Universidade de Taubaté.
Professores Cesar, Ricardo e Moacir
O público presente era constituído, sobretudo, de estudantes do curso de Licenciatura em Matemática do IFSP-Caraguatatuba. A palestra aconteceu durante uma pausa de cerca de uma hora nas apresentações da manhã do Seminário de Iniciação Científica (SIC) do Litoral Norte que foram coordenadas, neste período, pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira.
O professor Moacir iniciou sua palestra lembrando que o processo de colonização do Brasil foi um processo extremamente violento, sobretudo para indígenas e descendentes de africanos. Citando a atual proposta de alteração do Ensino Médio pela MP 746, ele lembrou que há outras propostas com outras vertentes de pensamento, como aquela que pretende que no Ensino Médio sejam inseridos temas de história africana e indígena, para nos entendermos melhor como brasileiros, latino-americanos, africanos, indígenas, mestiços. A história vivida pelo Brasil ao longo dos séculos, desde o descobrimento, foi um processo de negação das nossas raízes indígenas, africanas, árabes e judaicas, escondendo envergonhadamente que somos um povo miscigenado e desconhecendo que este é exatamente o nosso grande diferencial positivo entre as nações contemporâneas.
Professor Moacir durante a sua apresentação
O professor Moacir também lembrou que com o processo de urbanização – que se aprofundou nas últimas décadas – as pessoas saem do campo, mas o campo não sai delas, havendo, por decorrência, uma profunda perda de identidade, um desenraizamento e uma desestruturação das relações sociais, o que está relacionado também à favelização e ao aumento da sensação de insegurança nas cidades.
Na hierarquia social do Brasil colônia, o termo caipira definia os indivíduos que não participavam da elite colonial e que não poderiam ter acesso a posições de prestígio. Duas características básicas da cultura caipira são: a presença do tupi, do português arcaico e do nheengatu (língua próxima do guarani, idioma ainda falado hoje por extensas porções da população do Paraguai) e a existência de um catolicismo popular, com associação entre o sagrado e profano.
Ao citar a figura do ator e cineasta Mazzaropi, ele lembrou que a sua popularidade se devia ao fato de que as pessoas justamente buscavam uma vida cultural que estivesse relacionada à sua experiência caipira. O termo “caipira” hoje tem um estigma e sofre preconceito, mas o caipira de Mazzaropi, quase sempre dava a volta por cima, por sua esperteza.
Cena de filme de Mazzaropi apresentada durante a palestra
O professor Moacir também comentou acerca dos cartazes existentes no auditório do Câmpus Caraguatatuba, que protestavam contra diversos aspectos de propostas de lei que atingirão a área educacional e que estão sendo discutidas pelo Congresso Nacional, tais como a Proposta de Emenda à Constituição que congela recursos para educação e saúde públicas por 20 anos, a iniciativa de alterar o Ensino Médio por meio de medida provisória e a proposta “Escola sem Partido”, que de acordo com o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, restringirá a liberdade de expressão e de ensinar e divulgar cultura, pensamento, arte, saberes, pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e gestão democrática do ensino.
Segundo o professor Moacir, é muito importante lutar contra estes projetos de lei, mas é fundamental também refletir sobre novos modelos de sociedade que proponham superar a situação de extrema desigualdade em que vivemos hoje em dia: propostas como aquelas que envolvem o conceito de economia solidária e de economia criativa podem colaborar para atingir este objetivo.
Professor Moacir recebendo do professor Cesar o certificado de apresentação da palestra
Ao final, o professor Cesar entregou ao professor Moacir o certificado de apresentação desta sua palestra. O IFSP-Caraguatatuba agradece muito ao professor Moacir José dos Santos pela realização desta sua brilhante palestra que colaborou bastante para a formação dos estudantes do IFSP presentes nesta palestra. Qualquer instituição educacional tem que ser, sobretudo, um local de pluralidade e de debate respeitoso sobre as questões culturais, sociais, econômicas, políticas, científicas, educacionais, artísticas e éticas que atingem a população: palestras como esta ajudam a concretizar esta ideia.
As opiniões e os pontos de vista manifestados na atividade descrita neste texto não necessariamente refletem a posição institucional do IFSP e são de inteira responsabilidade das pessoas que manifestaram tais opiniões e pontos de vista.
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