Cinedebate no IFSP teve lançamento do documentário “Lute como uma menina”

No dia 11 de novembro de 2016, sexta-feira, a partir das 14h30, ocorreu mais uma sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com o lançamento do documentário “Lute como uma menina” que contou com a presença dos dois diretores desta produção cinematográfica, Beatriz Alonso e Flávio Colombini.

Flávio e Beatriz com alguns dos organizadores deste cinedebate

A organização deste cinedebate contou com o apoio de bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” e de bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto e Rafael Brock Domingos), todos eles orientados pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira, no IFSP-Caraguatatuba. No público presente no auditório estavam presentes estudantes secundaristas de diversas escolas públicas da região, bem como alunos e servidores do IFSP e cidadãos interessados da comunidade externa.

Professor Nelson recepciona os presentes ao cinedebate

O documentário “Lute como uma menina” (com 76 minutos) é sobre as ocupações de escolas estaduais paulistas, em 2015, por estudantes, contra o fechamento de mais de noventa escolas que foi proposto na época pelo governador do estado de São Paulo; mas o olhar específico deste documentário é pelo ponto de vista das meninas estudantes secundaristas que participaram e organizaram estas ocupações. O resultado, deste movimento estudantil que ocorreu em 2015, foi que o governo do estado de São Paulo recuou da imposição de seu projeto de “reorganização” que implicaria no fechamento de centenas de salas de aula.

A ideia original de organização deste cinedebate surgiu da Profa. Ma. Rosana Nubia Sorbille, do câmpus de Cubatão do IFSP, e contou com o apoio da Profa. Dra. Renata Plaza Teixeira e da Profa. Dra. Alessandra Marins, suas colegas do mesmo câmpus. A professora Rosana entrou em contato com os diretores do documentário “Lute como uma menina” (Beatriz e Flávio), convidando-os para participarem de um cinedebate sobre este filme. Ao mesmo tempo, ela também contatou o professor Ricardo Plaza, consultando-o sobre a possibilidade de realizar esta atividade no IFSP-Caraguatatuba. Definidos o local, a data e horário, a divulgação deste cinedebate ocorreu por meio do site do IFSP-Caraguatatuba, das redes sociais e de cartazes de divulgação que foram deixados em diversas escolas públicas da região, para serem colocados em murais e quadros de avisos.

Antes da exibição do documentário, o professor Ricardo Plaza, apresentou ao público os diretores Beatriz e Flávio que fizeram uma pequena introdução a respeito da obra cinematográfica que produziram. Na sequência o Diretor do IFSP-Caraguatatuba, Prof. Me. Nelson Alves Pinto, também deu as boas vindas aos presentes, salientando a importância desta atividade.

O público presente se emocionou muito com o documentário, aplaudindo, dando risadas e chorando em diferentes cenas e momentos desta película. Diversos dos presentes relataram que este é realmente um filme muito inspirador. Após a exibição do documentário, os diretores fizeram uma reflexão breve sobre a obra e foi aberto espaço para perguntas.

Beatriz e Flávio durante o debate

No debate, foi lembrado que a escolha da palavra “ocupação”, e não “invasão”, para se referir aos fatos relatados no filme, envolve um ponto de vista filosófico e político sobre o que ocorreu; a este respeito, foi salientado que, de modo geral, a escolha das palavras que utilizamos revela a nossa visão de mundo e os nossos valores. Os depoimentos das meninas que participaram das ocupações de escolas paulistas em 2015 evidenciaram que elas foram protagonistas da sua própria história, em um processo de conscientização e de transformação social muito importante: na verdade, em muitos momentos, fica evidente a vontade das alunas e dos alunos que participaram deste importante movimento social, em melhorarem as condições de ensino nas suas escolas.

Foi lembrado também, durante o debate, que neste ano de 2016 há ainda mais motivos para que estudantes, professores, servidores e cidadãos em geral lutem a favor da escola pública e contra propostas de lei que poderão provocar graves consequências para a educação pública brasileira, em particular, no que diz respeito a três destes projetos que estão sendo discutidos no Congresso nacional: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 55, antiga PEC 241) que terá como consequência o congelamento por 20 anos dos recursos para a educação e a saúde públicas no Brasil; a proposta de alterar o Ensino Médio brasileiro por Medida Provisória e que apresenta diversos pontos muito criticados por pesquisadores, professores e estudantes; e a proposta “Escola sem Partido” que se for aprovada restringirá a liberdade de expressão e a liberdade de ensinar dos docentes no país, de acordo com o próprio Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

O trailer do documentário “Lute como uma menina” pode ser visto em: <https://www.youtube.com/watch?v=WFwSs3ARAZg>. O documentário na íntegra também foi lançado no site youtube em 09/11/2016, quando as ocupações de 2015 fizeram um ano de aniversário, e pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=8OCUMGHm2oA>. Finalmente, uma boa análise deste filme pode ser lida em: <http://www.sul21.com.br/jornal/documentario-lute-como-uma-menina-mostra-luta-das-estudantes-secundaristas/>.

Um dos depoimentos importantes que ocorreu durante o debate, foi o relato da estudante secundarista Thiffany Souza do Nascimento, da Escola Estadual Alcides de Castro Galvão, que realizou uma reflexão muito bem fundamentada a respeito da sua experiência no movimento estudantil da escola em que estuda.

Estudante secundarista Thiffany

É relevante informar também que a Carta Pública “Manifesto Juventude Viva!” foi escrita tendo em vista a exibição do documentário “Lute como uma menina” e que é assinada pelo Observatório de Direitos Humanos do Câmpus Cubatão do IFSP, pelo Grupo de Pesquisa Direitos Humanos e Juventude dos Câmpus Piracicaba e Capivari do IFSP, pelo Grupo de Pesquisa Trabalho, Economia, Sociedade e Ensino do IFSP e pelo Observatório de Violências nas Escolas da UNISAL, unidade Lorena. Ela pode ser lida na íntegra em: <http://www.ifsp.edu.br/index.php/arquivos/category/193-caraguatatuba.html?download=16944%3Amanifesto-juventude-viva>. Basicamente ela aponta a importância da mobilização da juventude e dos estudantes em defesa da educação pública em nosso país, sobretudo tendo em vista as novas formas de luta e de resistência. A professora Rosana, que colaborou com a elaboração desta carta, ressaltou a importância do movimento estudantil, sobretudo no atual momento histórico tomado por uma pauta extremamente conservadora.

O IFSP-Caraguatatuba agradece imensamente aos diretores do documentário “Lute como uma menina”, Beatriz Alonso e Flávio Colombini, pela disposição e desprendimento em se deslocarem para Caraguatatuba e participarem desta atividade de cinedebate. Agradecemos também a todos os estudantes, servidores técnico-administrativos e professores que contribuíram para a realização deste cinedebate. Em particular agradecemos à colaboração do câmpus de Cubatão do IFSP, sobretudo à professora Rosana que idealizou este cinedebate e que se deslocou para o campus de Caraguatatuba do IFSP com seus alunos Victoria e Rodnei, e à professora Renata que transportou os diretores Beatriz e Flávio e a professora Alessandra, da cidade de São Paulo para o IFSP-Caraguatatuba. Agradecemos também à servidora técnica-administrativa do IFSP, Mariana Ricatieri, à Profa. Dra. Divina de Fátima dos Santos, do Centro Universitário Módulo, e ao professor Cláudio Rezende Francisco, da Escola Estadual Alcides de Castro Galvão, que colaboraram para o sucesso desta iniciativa.

Professor Cláudio, estudante Rafael e professor Ricardo

As sessões de cinedebates são organizadas pelos bolsistas do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural por parte dos alunos em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.

As opiniões e os pontos de vista manifestados na atividade descrita neste texto não necessariamente refletem a posição institucional do IFSP e são de inteira responsabilidade das pessoas que manifestaram tais opiniões e pontos de vista.