Cinedebate no dia do meio ambiente discutiu o documentário “Seremos história?”
No dia 05 de junho de 2017, segunda-feira, dia mundial do meio ambiente, entre 16h15 e 18h030, ocorreu uma nova sessão de cinedebate no auditório do Câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição – seguida pela posterior discussão – do documentário “Seremos história?”. Esta atividade fez parte do rol de ações do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural” coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira e para a sua organização contou com o apoio de seus bolsistas deste programa de extensão (Kauã Estevam Cardoso de Freitas, Rodrigo Henrique Revelete Godoy, Julia Cristina Barbosa Lucoveis, Juliana Caroline da Silva Sousa, Diego Corrêa Peres de Souza, Rafael Honório Morais de Oliveira e Rafael do Nascimento Sorensen), bem como de seus bolsistas de iniciação científica (João Pereira Neto, Adriana de Andrade e Rafael Brock Domingos). Este cinedebate contou também com a presença da Profa. Dra. Janice Peixer, docente do IFSP-Caraguatatuba da área de recursos naturais.
O documentário “Seremos história?” (título em inglês: “Before the flood” ou “Antes da inundação”) é narrado pelo ator e militante ambiental Leonardo DiCaprio. Mais informações detalhadas (em inglês) sobre este filme, que foi produzido pelo National Geographic e lançado em 2016, podem ser obtidas na Base de dados do IMDb no link:
<http://www.imdb.com/title/tt5929776/?ref_=nv_sr_1>. O seu trailer pode ser assistido em: <https://www.youtube.com/watch?v=zFfurx3RZqo>. O filme legendado pode ser visto também integralmente em sites de armazenamento de vídeos, como o próprio YouTube.
O documentário, que teve a produção executiva de Martin Scorsese, acompanha a jornada do ator Leonardo DiCaprio que desde 2014 foi nomeado pelo ONU mensageiro da paz com a missão de lutar contra o aquecimento global; o ator já tinha produzido anteriormente, em 2007, o documentário “A última hora” (“The 11th hour”) que também discute questões ambientais. Ao longo do filme “Seremos história?”, é lembrado que os Estados Unidos têm sido o maior emissor de gases que produzem efeito estufa ao longo da História e se beneficiaram muito pela utilização continuada por mais de um século de combustíveis fósseis. Por outro lado, existem atualmente cerca de 1 bilhão de pessoas na terra que ainda não têm acesso à eletricidade: somente na Índia são cerca de 300 milhões de pessoas sem eletricidade em suas casas e que também querem luz elétrica, aquecimento e todo o conforto que é produzido pelo acesso à eletricidade.
O documentário procura alertar o público sobre a situação crítica associada às mudanças climáticas e sobre a necessidade de discuti-las com urgência. São discutidas propostas e ações imediatas que poderiam ser tomadas para preservar o meio ambiente e combater as mudanças climáticas, tais como a cobrança de impostos sobre combustíveis fósseis que emitem dióxido de carbono, o incentivo financeiro ao uso de energias renováveis (como a eólica e a solar, por exemplo) e até mesmo uma nova dieta alimentar, com menos ênfase no consumo de carne de vaca: o gado é um dos maiores emissores de metano que tem um papel ainda maior que o do gás carbônico na produção de efeito estufa. Algumas ações dependem de decisões governamentais, mas outras dependem apenas da decisão pessoal de cada cidadão.
Durante o debate que se seguiu à exibição, foi destacado o fato de que, recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, que foi assinado em dezembro de 2015 por 195 nações com o objetivo de impedir o aumento das temperaturas médias globais em mais de 2 graus Celsius: esse é considerado um limite a partir do qual cientistas afirmam que o planeta estaria condenado a efeitos devastadores, como a elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos (secas e enchentes) e falta de água potável e de alimentos em diversas regiões do planeta. A assinatura do Acordo de Paris, em 2015, foi histórica, pois reuniu pela primeira vez quase todos os países do mundo em um pacto voltado para tentar frear as mudanças climáticas em curso; somente dois países se recusaram a assinar o Acordo de Paris: Síria e Nicarágua.
A professora Janice Peixer alertou que a saída dos EUA – o país mais rico e poderoso militar e tecnologicamente do mundo atual – do Acordo de Paris é um péssimo exemplo e um desestímulo para outras nações mais pobres e que terão que fazer esforços para se adaptar aos dispositivos do Acordo de Paris; além disso, uma parte considerável dos aportes financeiros que seriam feitos pelos EUA – para financiar a implementação das metas – deixará de existir.
Os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) têm sido considerados, tradicionalmente, a forma mais barata de energia existente, e ainda representam mais de 80% da energia usada em todo o mundo. Entretanto, o custo de fontes de energia renováveis - como solar e eólica – tem caído consideravelmente nos últimos anos e a saída dos EUA do acordo de Paris é contraproducente porque pode frear as mudanças na matriz de produção de energia no mundo, pois reduzirá os incentivos e subsídios para a utilização de energias renováveis e enfraquecerá os esforços para redução das emissões de carbono. A recusa de parcela da população norte-americana – e de seu governo federal – em aceitar o consenso científico existente hoje a respeito do papel do ser humano como causador das mudanças climáticas e do aquecimento global, indica que na maior potência do planeta existe uma reação grande às tentativas de mudar estilos de vida, hábitos e comportamentos que estão, muitas vezes, associados ao consumismo exacerbado e frequentemente fútil das sociedades capitalistas contemporâneas que têm nos EUA um exemplo que usualmente é seguido.
A mudança climática é real e reduzir as emissões de gases que produzem o efeito estufa é um problema global, que merece comprometimento e ação efetiva das nações do mundo todo, sobretudo levando em consideração o tamanho de suas economias e a riqueza per capita de seus habitantes, para o esforço necessário em termos financeiros, econômicos e tecnológicos. Por outro lado, para perceber o modo como esta questão afeta interesses diferentes, a indústria de carvão dos EUA celebrou a decisão do presidente Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris. Mas concretamente, a saída dos EUA do acordo de Paris dificulta o cumprimento das metas propostas, sobretudo a de impedir que a temperatura global suba mais de 2oC.
Um destaque das discussões que ocorreram foi sobre o fato de que se as questões ambientais são importantíssimas, elas somente poderão de fato ser enfrentadas se as soluções propostas levarem em consideração questões sociais que afetam grande parte da humanidade, sobretudo as desigualdades sociais profundas ainda existentes entre classes sociais dentro de um mesmo país e, também, entre diferentes nações do globo. Há uma diferença de um fator cem entre a renda per capita das nações mais ricas e das nações mais pobres: uma repartição mais justa da renda entre classes sociais e entre nações precisa ser levada em consideração nas ações para combater as mudanças climáticas produzidas pelo ser humano.
Os presentes no debate lembraram também que se por um lado as mudanças climáticas afetam todos nós, por outro lado, os mais afetados serão com certeza os cidadãos mais pobres e que menos têm condições financeiras para enfrentar as suas consequências.
Estiveram presentes neste cinedebate estudantes de diversos cursos do IFSP-Caraguatatuba, tais como Licenciatura em Física, Licenciatura em Matemática e Técnico em Meio Ambiente, bem como membros da comunidade externa ao IFSP, interessados no tema, tais como o radialista Ailton Prado e o arquiteto Miguel Angel que contribuíram bastante com as discussões que ocorreram após a exibição do filme.
Este cinedebate também fez parte de um rol de atividades do dia mundial do meio ambiente que ocorreram na tarde de 05 de junho de 2017, no IFSP-Caraguatatuba, e que foram organizadas pelos professores do curso técnico em meio ambiente, sob a coordenação da Profa. Dra. Shirley Pacheco de Souza.
As sessões de cinedebates são regularmente organizadas por bolsistas de iniciação científica e de extensão orientados pelo professor Ricardo Plaza, no âmbito do programa de extensão “Cinedebate e atividades de educação científica e cultural”. Seu objetivo principal é realizar reflexões críticas sobre história, ciência e cultura, envolvendo filmes e documentários selecionados com este propósito, bem como ampliar o repertório cultural e cinematográfico por parte dos alunos e do público em geral. Todas as sessões de cinedebates são gratuitas e abertas para quaisquer interessados, tanto da comunidade interna, quanto da comunidade externa ao IFSP. Professores e gestores de escolas públicas que pretendem que alunos de suas escolas participem de atividades deste gênero podem procurar o professor Ricardo Plaza, para juntos organizarem os detalhes.
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