Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Cine-Debate discutiu filmes sobre Holocausto e Nazismo

Publicado: Terça, 24 de Novembro de 2015, 07h32 | Última atualização em Terça, 24 de Novembro de 2015, 07h32

No dia 17 de novembro de 2015, terça-feira, nos períodos vespertino e noturno, ocorreu mais um Cine-Debate no auditório do câmpus de Caraguatatuba do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com a exibição e discussão de dois filmes sobre o Holocausto e o Nazismo: “A chave de Sarah” e “Amém”. A atividade foi organizada pelo Prof. Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira, coordenador do projeto de extensão “Cine-Debate: História, Ciência e Cultura”. Os estudantes universitários que colaboraram diretamente para a organização desta atividade foram: Giovanna Ataria Campos Santos, Lucas Demetrio Muniz, Ana Beatriz Vieira de Sousa, João Pereira Neto, Lucas Conelian de Oliveira, Adriana de Andrade, Dérick Alves de Jesus, Ariane Aparecida Roque Pereira Horta e Rafael Brock Domingos.

Professor Ricardo junto com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre o HolocaustoProfessor Ricardo junto com bolsistas que organizaram o cinedebate sobre o Holocausto

O primeiro filme apresentado às 16:00 foi “A chave de Sarah”, película francesa de 2010 que foi dirigida Gilles Paquet-Brenner e que tem a atriz Kristin Scott Thomas no papel de uma jornalista que em 2009 realiza um trabalho investigativo sobre o destino de Sarah, uma menina judia francesa que durante a Segunda Guerra Mundial sofreu a perseguição nazista na própria pele, junto com sua família. Ao fazer referência ao colaboracionismo de parte da população da França com o exército de ocupação alemão, em um dos momentos mais obscuros da história francesa, o diretor abordou com muita sensibilidade a história desta menina de 10 anos que teve que tomar uma decisão crucial para tentar salvar de seu irmãozinho mais novo, ao escondê-lo em um armário no apartamento onde moravam. O episódio de deportação de milhares de judeus franceses para campos de extermínio nazistas é uma das histórias mais tristes do passado francês.

Após a exibição deste filme ocorreu um debate que foi mediado pelo professor Ricardo e pelos bolsistas de extensão e de iniciação científica presentes. A psicóloga do IFSP, Tereza Cristina C. Pereira Leite Daniel, colaborou com as reflexões, abordando um pouco a respeito de questões do âmbito psicológico dos protagonistas e também referentes ao luto, inclusive resaltando a respeito da sensibilidade de como o filme abordou diversas questões. O assistente de administração do IFSP, Wilson Roberto Pereira, fez também interessantes reflexões sobre os impactos que a pequena Sarah deve ter sofrido ao longo da sua vida devido à decisão que foi obrigada a tomar a respeito de seu pequeno irmão e sobre o peso da responsabilidade de seu compromisso para com ele. Finalmente, Cristian Machado, que é graduado em história, foi bastante enfático em ressalvar a respeito da extrema complexidade daquele momento histórico e da importância da pesquisa historiográfica por meio de documentos, por exemplo, como faz a jornalista ao longo da trama. A partir de então, o debate se iniciou de modo mais amplo com a participação de alunos do IFSP e de outras instituições de ensino.

O estudante Pedro, do segundo ano de ensino médio da Escola Estadual Benedita Pinto Ferreira, em sua intervenção lembrou que muitas vezes as pessoas acreditam naquilo que se quer acreditar e naquilo que é mais conveniente acreditar, independentemente da veracidade ou não da interpretação dos fatos que têm. Alguns poucos minutos antes das 19:00, o debate teve que ser encerrado, para o início da exibição do filme seguinte.

Wilson, Ricardo, Cristina e CristianWilson, Ricardo, Cristina e Cristian

Às 19:00 foi exibido “Amém”, um filme dirigido pelo cineasta Costa Gravas e que foi lançado em 2002. Os dois protagonistas principais deste filme são um engenheiro e oficial da SS, interpretado por Ulrich Tukur, e um padre jesuíta, interpretado por Mathieu Kassovitz. O engenheiro testemunha a forma como milhões de judeus, ciganos, comunistas e outras minorias estavam sendo assassinados nas câmaras de gás em campos de extermínio em países europeus ocupados pelos nazistas; a partir de então, após convencer o seu amigo padre a respeito disto, ambos tentam alertar autoridades do mundo todo a respeito do genocídio que estava sendo realizado pelos nazistas. Em particular, eles tentam alertar o Papa Pio XII que teve o seu papado durante a Segunda Guerra Mundial. O filme apresenta uma crítica bem fundamentada a respeito da posição de silêncio e de omissão em relação aos crimes de guerra nazistas, tomada, durante a segunda guerra mundial, não somente pelo Papa Pio XII, como por diversas autoridades católicas e protestantes da época; uma boa fonte de pesquisa a este respeito é o livro “O Papa de Hitler” escrito por John Cornwell. Além disso, o filme é crítico também a respeito do papel que os próprios cientistas tiveram na segunda guerra mundial; o protagonista principal do filme, por exemplo, foi de fato o inventor do gás Zyklon-B que inicialmente fora criado para matar pragas, mas que na sequência acabou sendo utilizado para exterminar seres humanos de modo industrial, nas câmaras de gás de inúmeros campos de concentração nazistas.

Na discussão que ocorreu após a exibição do filme, salientou-se o papel da educação para o desenvolvimento das nações e sobre como é importante todo processo educativo estar também imbuído de valores humanistas. A Alemanha era um dos países que antes da segunda guerra mundial tinha os melhores níveis de educação no mundo e também o que mais tinha cientistas laureados com o prêmio Nobel até a época; entretanto foi justamente lá na Alemanha que foi gestado o nazismo que provocou uma das épocas de maior crueldade e barbárie da história humana, junto com outros momentos como foram a inquisição e a escravidão. A capacidade de reflexão crítica que deve ser incentivada na formação de todo cidadão é uma garantia contra o “comportamento de manada” que diversas vezes produziu situações de extremo obscurantismo no mundo.

Público debate a respeito dos filmes apresentadosPúblico debate a respeito dos filmes apresentados

Alguns dos alunos presentes ressaltaram a forma como a arte cinematográfica pode nos tornar mais sensíveis em relação ao sofrimento que passam imigrantes e populações de países em guerra, como é o caso da Síria, nos dias de hoje. Além disso, muitos dos presentes verbalizaram que guerras envolvem interesses bem estabelecidos e que é importante tentar entender a complexidade das situações de guerra, superando visões esquemáticas sobre “mocinhos” e “bandidos”. Finalmente, foi destacado que a base do nazi-fascismo é o ódio a um grupo étnico-racial, a pessoas que tenham um tipo de pensamento político ou uma religião determinada ou a determinadas minorias; o debate indicou que, infelizmente, neste ano de 2015, o ódio no Brasil esteve em ascensão – sobretudo o ódio político – e que para combater esta cultura do ódio é necessário incentivar uma cultura da tolerância para com as diferenças e de respeito aos direitos humanos.

A equipe que organiza o cine-debate agradeceu as participações importantes de Tereza Cristina Daniel, Wilson Pereira e Cristian Machado para as discussões que ocorreram. As sessões de cinedebates acontecem com periodicidade aproximadamente quinzenal, são gratuitas e estão abertas a quaisquer interessados das comunidades interna e externa ao IFSP. O site cinedebate.com.br divulga as atividades que são realizadas e é uma boa fonte para quem quer conhecer melhor este projeto, inclusive para se informar sobre os próximos cinedebates.

registrado em:
Fim do conteúdo da página